Província

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A Província São Maximiliano M.Kolbe celebrou no dia 02 de agosto de 2023 a festa de Nossa Senhora dos Anjos. A celebração foi realizada na Casa de Formação de Nossa Senhora dos Anjos, em Santa Maria DF. Estiverem presentes frades da Província, o Ministro Provincial fr.Gilberto, os formandos do Postulantado, o Pré-noviciado, os  frades professos e as pessoas da comunidade.

A festa do Perdão de Assis- As indulgências plenárias

Está festa celebra no dia 02 de agosto, a Festa do Perdão de Assis, Santa Maria dos Anjos da Porciúncula, segundo testemunhou Bartolomeu de Pisa, a origem da Indulgência da Porciúncula se deu assim: “Em uma noite linda , do ano do Senhor de 1216, Francisco estava intimamente compenetrado na oração e na contemplação estava mesmo ali na pequena ermida dedicada a Virgem Mãe de Deus, conhecida como igrejinha da Porciúncula, localizada em uma planície do Vale de Espoleto, perto de Assis, quando, de repente, a igrejinha ficou tomada de uma luz vivíssima jamais vista antes, e Francisco viu sobre o altar o Cristo e à sua direita a sua Mãe Santíssima, acompanhados de uma multidão de anjos. Francisco ficou em silêncio e começou a adorar o seu Senhor. Perguntaram-lhe, então, o que ele desejava para a salvação das almas. Francisco tomado pela graça de Deus que ama incondicionalmente, responde: “Santíssimo Pai, mesmo que eu seja um mísero, o pior dos pecadores, te peço, que, a todos quantos arrependidos e confessados, virão visitar esta Igreja, lhes conceda amplo e generoso perdão, com uma completa remissão de todas as culpas”.

O Senhor lhe disse: “Ó Irmão Francisco, aquilo que pedes é grande, de coisas maiores és digno e coisas maiores tereis: acolho, portanto, o teu pedido, mas com a condição de que tu peças esta indulgência, da parte minha, ao meu Vigário na terra (Papa)”. E não tardou muito, Francisco se apresentou ao Papa Honório III que, naqueles dias encontrava-se em Perugia e com candura lhe narrou a visão que teve. O Papa o escutou com atenção e, depois de alguns esclarecimentos, deu a sua aprovação e perguntou: “Por quanto anos queres esta indulgência”? Francisco, respondeu-lhe: “Pai santo, não peço por anos, mas por almas”. E feliz, se dirigiu à porta, mas o Pontífice o reconvocou: “Francisco, não queres nenhum documento”? E Francisco respondeu-lhe: “Santo Pai, de Deus, Ele cuidará de manifestar a obra sua; eu não tenho necessidade de algum documento. Esta carta deve ser a Santíssima Virgem Maria, Cristo o Escrivão e os Anjos as testemunhas”. E poucos dias mais tarde, junto aos Bispos da Úmbria, ao povo reunido na Porciúncula, Francisco anunciou a indulgência plenária e disse entre lágrimas: “Irmãos meus, quero mandar-vos todos ao paraíso!”

 

 

Durante a visita ao Programa alimentar mundial o Papa recordou que enquanto as ajudas e os planos de desenvolvimento forem obstaculizados as armas poderão circular livremente

A falta de alimento não é "fruto de um destino cego", mas de uma "distribuição egoísta e mal feita dos recursos", recordou o Papa durante a visita à sede do Programa alimentar mundial (Pam), onde foi na manhã de segunda-feira, 13 de junho, por ocasião da abertura da sessão anual do conselho executivo da agência da ONU comprometida na luta contra a fome. No discurso pronunciado em frente dos representantes de diversos governos do mundo, Francisco convidou com força a não se acostumar com as tragédias que atingem a humanidade e a não considerar a pobreza "como um dado da realidade entre tantos", esquecendo, ao contrário, que "a miséria tem um rosto: tem o rosto de uma criança, o rosto de uma família, o rosto de jovens e idosos", mas também "o rosto da falta de oportunidade e de trabalho de muitas pessoas", o rosto "das migrações forçadas, das casas abandonadas e destruídas".

O Pontífice voltou a afirmar com clareza que a subnutrição "não é algo natural, não é um dado óbvio nem evidente". Pelo contrário, é a consequência de uma "mercantilização dos alimentos" que causa exclusão e leva a "habituar-se ao supérfluo e ao desperdício quotidiano de alimento". Todavia – foi a admoestação de Francisco - "far-nos-á bem recordar que o alimento que se desperdiça é como se o roubássemos à mesa do pobre, daquele que tem fome". Um convite a 'refletir sobre o problema da perda e do desperdício de alimentos, a fim de identificar soluções e modalidades que, enfrentando seriamente este problema, sejam veículo de solidariedade e de partilha com os mais necessitados".

Do Papa veio também um firme apelo a "desburocratizar a fome", removendo os obstáculos que impedem que os planos de desenvolvimento e as iniciativas humanitárias realizem os seus objetivos. O Pontífice denunciou em particular o "estranho e paradoxal fenômeno" devido ao qual as ajudas às vítimas da guerra e da fome são estorvadas ao passo que as armas "circulam com uma arrogância e quase absoluta liberdade em muitas partes do mundo". Deste modo, afirmou, "quem se nutre são as guerras e não as pessoas". E assim "as vítimas multiplicam-se, porque o número das pessoas que morrem de fome e exaustas se acrescenta ao dos combatentes que morrem no campo de batalha e ao dos numerosos civis falecidos durante os conflitos e nos atentados". Daqui o pedido dirigido aos Estados, solicitados a incrementar "decididamente a vontade efetiva de cooperar com o Programa alimentar mundial" para poder assim permitir "que se realizem projetos sólidos e consistentes e programas de desenvolvimento a longo prazo" a fim de debelar aquela que Francisco – no sucessivo encontro com o pessoal da agência – definiu "uma das maiores ameaças à paz e à serena convivência humana".

Desde há quase dois mil anos que estava aos olhos de todos a presença decisiva, diante do sepulcro vazio, de Maria Madalena, a primeira a dar a boa notícia da ressurreição: precisamente ela, uma mulher. Todavia, ninguém parecia verdadeiramente dar-se conta disso. Pelos séculos formaram-se até historietas misóginas, como a de que Jesus apareceu primeiro a uma mulher porque as mulheres são umas tagarelas e dessa forma a notícia espalhar-se-ia mais depressa.

Por outro lado, alguns reconhecidos comentadores perguntavam-se como o Ressuscitado teria negligenciado a sua mãe, chegando mesmo a imaginar uma aparição a Maria antes do encontro com Madalena, de modo a restabelecer uma hierarquia que se considerava alterada.

Sobre Maria de Magdala, devido à sua evidente proximidade com Jesus, emergiram mesmo vozes inquietantes, de tal modo que a fizeram tornar-se símbolo da transgressão sexual, relançadas por lendas persistentes, ainda hoje vivas. Muitos recordam a Madalena do filme de Martin Scorsese, "A última tentação de Cristo", e muitos mais leram "O código Da Vinci", sucesso editorial fundado precisamente sobre o presumível segredo do casamento entre ela e Jesus.

De resto, Madalena é a única protagonista importante da história sagrada a ser representada na iconografia algo despida, e quase sempre com os cabelos ruivos, desde há muito sinal de desordem sexual. Em substância, mesmo se era considerada uma santa, era figurada quase como símbolo oposto à imagem virginal de Maria, vestida de branco e azul. De tal maneira que as feministas dos anos 70 começaram a espalhar entre si o uso de chamar Madalena às suas filhas, como sinal de rebelião à tradição religiosa.

Mais clarividente foi, ao invés, a tradição popular, que imaginou uma sua viagem pelo mar até às costas de França, para evangelizar, precisamente como os outros apóstolos, uma parte do mundo então conhecido.

Foi por isso longa e difícil a estrada que conduziu à aceitação da verdade, uma verdade simples mas expressiva de uma mensagem que muitos não queriam ouvir: a de que, para Jesus, as mulheres eram iguais aos homens do ponto de vista espiritual, tinham o mesmo valor e a mesma capacidade. Por causa dessa surdez foi tão difícil admitir que Madalena era uma apóstola, a primeira entre os apóstolos a quem se manifestou o Senhor ressuscitado.

Por isso é precisamente dela, isto é, da restituição do lugar que lhe cabe na tradição cristão, que pode finalmente partir o reconhecimento do papel das mulheres na Igreja. O papa Francisco compreendeu-o claramente e desencadeou desta maneira um processo que nunca mais se poderá deter.

É significativo que 3 de junho, data do documento [que eleva a categoria litúrgica da evocação de Santa Maria Madalena, a 22 de julho, passando-a de memória obrigatória a festa], seja o do dia do Sagrado Coração de Jesus, devoção difundida por uma mulher, Margarida Maria Alacoque, e relançada com paixão por muitas mulheres do séc. XIX. São outras confirmações, estas, de que as mulheres estiveram sempre presentes na Igreja, tiveram papéis importantes e contribuíram para a construção da edificação cristã.

 

 

Caros irmãos e irmãs, é com grande alegria que vos apresentamos o primeiro editorial do Boletim informativo “O Poverello”. 

Nós, frades franciscanos conventuais do seminário São Francisco, interpelados por este novo tempo, que necessita da misericórdia de Deus, anunciamos a todos os povos a alegria do evangelho, levando a cada coração a palavra do reino e fazendo produzir frutos de boas obras.

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Quarta, 08 Junho 2016 16:45

Tempo Forte do Conselho Provincial

Esses dias o Conselho Provincial se reúne para o Tempo Forte do Definitório.

São três dias: um de formação, outro de retiro e por fim a sessão do conselho. A finalidade deste encontro é enriquecer a convivência entre os conselheiros e a vida de toda a Província.

O conselho provincial é constituído por um grupo de frades, eleito pela Província, que durante um mandato (4 anos), orientam a missão e obras dos conventos espalhados nas regiões centro, nordeste e norte do Brasil.

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É a primeira vez que é feita oficialmente a excomunhão de um grupo cismático durante o Pontificado do Papa Francisco. Trata-se da autodenominada “Igreja Cristã Universal da Nova Jerusalém”, fundada na Itália pela suposta vidente Giuseppina Norcia e que atua em Galliano, uma pequena localidade de Val Comino, no sudeste de Roma.

Embora esta seita não estivesse em comunhão com a Igreja Católica e estivesse excomungada latae sententiae, ou seja, de maneira automática e sem necessidade de pronunciamento algum pela Santa Sé, a Congregação para a Doutrina da Fé decidiu comunicá-lo de maneira oficial.

A decisão foi divulgada ao Bispo da Diocese de Sora Cassino Aquino e Pontecorvo, Dom Gerardo Antonazzo, que difundiu uma nota em todas as igrejas da Diocese nas Missas de domingo.

O Vaticano colocou um fim aos 42 anos de engano e supostas visões de Giuseppina Norcia que conseguiu convencer dezenas de pessoas. “A posição doutrinal de tal grupo é claramente contrária à fé católica e sua constituição em uma nova organização, descaradamente cismática, impõe de quem tem a responsabilidade de guiar o povo de Deus uma clara escolha de posição, a fim de proteger o bem superior da Igreja e de seus fiéis”, diz a nota lida nas Missas.

Portanto, “aqueles que aderirem a tal associação incorrem na excomunhão latae sententiae pelo delito de cisma”.

“A remissão da excomunhão latae sententiae é deixada à competência do ordinário do lugar. Para incidir em tal sanção é necessário que os fiéis adiram conscientemente ou de maneira formal a esta associação considerando sua doutrina e suas ideias, por isso, não é suficiente participar ocasionalmente ou em ocasiões”, acresceta a nota.

O Grupo ACI tentou entrar em contato com algumas paróquias da Diocese de Sora e confirmou esta informação. “Neste domingo, lemos o comunicado do Vaticano nas Missas, tal como nos pediu a Diocese”, explicou um dos párocos.

 

Domingo, 05 Junho 2016 21:58

X Congresso Mariológico

Aconteceu entre o 02 e 05 de junho o X Congresso Mariano, em Aparecida - SP, o Frei Luís Felipe foi um dos convidados para proferir uma palestra.

O Congresso Mariológico foi promovido pela CNBB, Academia Marial e Faculdade Dehoniana. Seu tema estava relacionado com a "Dimensão celebrativa do Rosário Mariano", um popular paralelo e um popular contraditório à liturgia.

O que está acontecendo na nova colocação pública das fés – e que poderíamos definir recorrendo à ideia de pós-secular – diz respeito às práticas ou aos processos coletivos em ato que estão se descerrando em várias partes. São processos não exclusivamente dialógicos ou de discussão, mas ações compartilhadas em que se iniciam movimentos que podemos definir como sociais, porque surgem da convergência de vários olhares crentes.

Há ao menos três décadas, os sociólogos nos repetem que algo mudou no mundo das religiões mundiais. O panorama global da religiosidade ou das fés individuais parece ter vivido uma verdadeira inversão de tendência em relação àqueles que, até os anos 1970, preconizavam o redimensionamento do fato religioso ou a sua inevitável retração na esfera da intimidade doméstica e da dimensão privada. Portanto, se subsiste uma novidade que é, ao mesmo tempo, uma peculiaridade do atual contexto religioso global, essa coincide com um renovado protagonismo público das fés.

De fato, parece profundamente mudado o papel ou a presença do religioso dentro dos espaços comunicativos globais. Mas, ao mesmo tempo, equivoca-se quem considera essa nova fase como um "retorno de Deus", ou como uma mera recuperação de alguns esquemas e instrumentos com que as fés institucionalizadas atestaram a sua presença na cena pública até a modernidade tardia.

É por isso que, no âmbito dos estudos sobre o religioso, há diversos anos, circula insistentemente uma categoria como a do pós-secularismo. Com esse conceito, quer-se indicar uma ruptura com a era comumente percebida como secular.

O que esse termo implica, portanto, é algo muito distante da proclamação, com tons revanchistas ou ao limite do triunfalismo, de uma nova atestação do religiosos dentro da ordem pública global. O pós-secular é capaz de representar uma referência comum de partida para farejar os traços não expressados ou nascentes na paisagem das religiões mundiais.

Mais do que uma função rigidamente de atestação sobre a condição presente das religiões individuais, o pós-secular exerce um papel introdutório em relação ao atual panorama das fés e dos relativos contextos sociais.

A ideia de pós-secularismo, de fato, identifica não tanto uma tese assertiva sobre o retorno do sagrado no coração da aldeia global e pós-moderna, mas sim um clima ainda a ser respirado ou um ambiente com o qual nos familiarizamos há pouco e que ainda devemos aprender a habitar.

A cena inédita e, em muitos aspectos, inesperada que o pós-secular descerra é a de uma nova condição pública das fés. Tanto as religiões históricas mundiais, quanto as comunidades religiosas de nova fundação estão amadurecendo linguagens e estilos inesperados dentro da cena pública global: sondar e compreender essa presença é, ao mesmo tempo, advertência e tarefa dos estudos sobre o pós-secular.

É possível, além de necessário, identificar os termos históricos da condição pós-secular ou, ao menos, colocar um limite temporal que ateste o seu início. Diversos estudiosos, de fato, falaram dos "anos 1980 da religião", identificando naquela década alguns movimentos ou submovimentos difusos dentro de contextos religiosos e sociais muito diferentes entre si.

José Casanova, por exemplo, no seu célebre ensaio Além da secularização. As religiões à conquista da esfera pública, identificou justamente nesses anos alguns eventos-chave em função dos quais é possível investigar o pós-secularismo.

De fato, ele fala de quatro acontecimentos que já se tornaram um exemplo recorrente sempre que se fala da condição pós-secular: "A revolta islâmica no Irã; o desenvolvimento do movimento Solidarnosc na Polônia; o papel desempenhado pelo catolicismo na Revolução Sandinista e em outros conflitos políticos que envolveram a América Latina; o renascimento do fundamentalismo protestante como força operante no âmbito da arena política dos Estados Unidos".

É evidente que esses eventos descrevem, acima de tudo, as recíprocas implicações entre a esfera religiosa e a política dentro de alguns contextos nacionais. Os acontecimentos citados por Casanova, na verdade, parecem quase exclusivamente remeter a uma relevância política de alguns movimentos de inspiração religiosa. A análise, na realidade, deve ir além e identificar os anos 1980 um laboratório público global em que as linguagens da religião e sobre as religiões se diferenciaram, se enriqueceram e se multiplicaram.

Tudo isso não surgiu exclusivamente a partir da dissolução do mundo bipolar ou das ideologias políticas que, em seu interior, identificavam os seus indivíduos e as suas massas. Então, o que mudou?

Provavelmente, o próprio modo das religiões de atestar e interpretar a própria presença nos discursos públicos e na auto comunicação de si mesmas. Para o mundo católico, isso representou uma consciência que se traduziu e ainda está se traduzindo em um estilo eclesial: aquele pelo qual as consciências da fé não amadurecem antes ou prescindindo dos discursos públicos, mas são adquiridas e se esclarecem no próprio exercício do diálogo realizado também com aqueles que não creem ou creem de forma diferente de mim.

Tudo isso nos leva a esclarecer outro elemento: a condição pós-secular não é redutível ao atual cenário comunicativo das fés, ou à sua capacidade de se apresentar na cena política como sujeitos simplesmente engajados em ações de argumentação pública.

Embora isso não deva ser excluído, é necessário ouvir as práticas já difusamente em ação dentro do mosaico religioso global e que estão redesenhando o léxico da presença pública das fés. Um léxico que não recorre – como, aliás, aconteceu também em outras épocas – exclusivamente ao medium linguístico-argumentativo. Um léxico que não é possível definir e compreender até o fim nem mesmo à luz apenas da linguagem simbólica ou do recurso, por parte de comunidades ou instituições religiosas, à eficácia identificadora e agregadora dos símbolos.

O que está acontecendo na nova colocação pública das fés – e que poderíamos definir recorrendo à ideia de pós-secular – diz respeito às práticas ou aos processos coletivos em ato que estão se descerrando em várias partes. São processos não exclusivamente dialógicos ou de discussão, mas ações compartilhadas em que se iniciam movimentos que podemos definir como sociais, porque surgem da convergência de vários olhares crentes.

Tudo isto parece estar em sintonia com o próprio olhar hermenêutica de Francisco, quando, ao falar da superioridade do tempo sobre o espaço, escreve que "dar prioridade ao tempo é ocupar-se mais com iniciar processos do que possuir espaços. O tempo ordena os espaços, ilumina-os e transforma-os em elos de uma cadeia em constante crescimento, sem marcha atrás. Trata-se de privilegiar as ações que geram novos dinamismos na sociedade e comprometem outras pessoas e grupos que os desenvolverão até frutificar em acontecimentos históricos importantes. Sem ansiedade, mas com convicções claras e tenazes" (Evangelii gaudium, 223).

 

A opinião é do filósofo italiano Vincenzo Rosito, professor da Link Campus University, de Roma. O artigo foi publicado no jornal Avvenire, 31-05-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

 

 

 

 Tudo isto parece estar em sintonia com o próprio olhar hermenêutica de Francisco, quando, ao falar da superioridade do tempo sobre o espaço, escreve que "dar prioridade ao tempo é ocupar-se mais com iniciar processos do que possuir espaços".

 

"As finanças enfraquecem e é tempo de transparência e sobriedade na gestão econômica"

A atenta administração do patrimônio dos Institutos é uma prioridade que diz respeito a 200 mil consagrados dispersos pelo mundo, em crise de vocações, mas também de finanças. Mais de cem superiores religiosos se interrogaram nestes dias sobre a importância da transparência das regras, mas também sobre a oportunidade de modificar os hábitos e a necessidade de ter a coragem de encerrar obras insustentáveis. Difunde-se a consciência de não se poder mais ignorar ou delegar as problemáticas econômicas.

Se as regras são claras, em matéria de gestão econômica e financeira a sua atuação frequentemente não o é. Por isso, torna-se necessário um mais forte empenho, afim de garantir a transparência e evitar a tentação do poder, recordando que os pobres estão no centro da ação da Igreja. É a convicção difusa entre os religiosos que veem, reunidos nestes dias em Roma, as maiores cúpulas de mais de cem Congregações para a Assembleia semestral da União dos superiores gerais. 

A reportagem é de Ricardo Benotti, publicada por Servizio Informazione Religiosa - SIR, 27-05-2016. A tradução é de Benno Dischinger.

A atenta administração do patrimônio dos institutos é uma prioridade que diz respeito a 200 mil consagrados dispersos pelo mundo, em crise de vocações, mas também de finanças. Uma dificuldade que se situa na difusão a prática de unificar Ordens semelhantes por carisma e na oportunidade sempre mais concreta de abandonar estruturas históricas. Em diversos casos, e para famílias religiosas bastante grandes, a própria casa generalícia poderia em breve ser vendida para investir recursos alhures e alojar os confrades numericamente reduzidos em comunidades dimensionadas sob medida.

 

Fadiga do testemunho

A centralidade dos pobres na missão da Igreja solicita, aliás, que se repense os hábitos consolidados e se tenha coragem para realizar escolhas dolorosas. Numa mensagem ao simpósio internacional sobre a gestão dos bens eclesiásticos dos Institutos de vida consagrada e das Sociedades de vida apostólica, o Papa Francisco recordava que “não serve uma pobreza teórica, mas a pobreza que se aprende tocando a carne de Cristo pobre nos humildes, nos pobres, nos enfermos, nas crianças”. Uma “pobreza amorosa” que seja “solidariedade, partilha e caridade” e se exprima “na sobriedade, na busca da justiça e na alegria do essencial, para pôr em guarda dos ídolos materiais que ofuscam o sentido autêntico da vida”. 

Traduzir estas orientações na vida cotidiana, não é, todavia, coisa fácil e talvez seja menos cansativo viver o voto de pobreza no nível pessoal do que no nível institucional: “É mais difícil para nós dar semelhante testemunho quando se veem as nossas construções, às vezes centenárias ou pluridecenais.

Tais dificuldades, admite dom Ángel Fernández Artime, reitor maior dos Salesianos – é mais evidente quando se tenta atualizar as nossas obras para responderem aos desafios e às exigências de hoje, por exemplo, no âmbito da educação e da prevenção dos riscos”. 

 

Erros na administração

Numa carta circular da Congregação para os Institutos de vida consagrada e as Sociedades de vida apostólica sobre as linhas orientadoras para a gestão dos bens, se sugere definir quais obras e atividades levar em frente, quais eliminar, deixar ou modificar, e que novas fronteiras enfrentar.

Planificar as atividades, falar de prevenções e de balancetes não só nas obras, mas também nas comunidades religiosas, são praxes que devem ser consolidadas. Assim como a aplicação de sistemas de monitoramento nas atividades em perda, prestando atenção à sustentabilidade e abandonando a mentalidade assistencialista. 

Uma requisição também é direcionada aos ecônomos, afim de que prestem contas periodicamente aos superiores maiores e aos seus Conselhos, documentem as transações e os contratos e arquivem as práticas: “Não é raro, sabemo-lo por experiência, encontrar superiores locais ou provinciais que são, de fato, ‘prisioneiros dos próprios ecônomos’, os quais são verdadeiros detentores do poder”, observa o reitor maior dos Salesianos.

Não raramente, pois, “se cometem erros grosseiros, vendas inadequadas, trufas nas assinaturas de acordos ou contratos, não por má vontade, mas em geral pelo desejo de não danificar o próprio Instituto ou Congregação, ou também porque a gestão econômica não é o nosso forte e hoje é mais do que nunca um terreno delicado, complicado e perigoso”. É importante, portanto, ter “pessoas de confiança e comprovada fidelidade”, sem temer confiar aos leigos encargos de administração financeira.

 

Pobreza institucional

A deformação do clericalismo difundido na Igreja e entre os consagrados conduz frequentemente a considerar que o ser presbíteros seja uma honra e um status que carrega autoridade, poder no acesso a meios econômicos a manejar. “Também a Congregação, e não só os coirmãos em particular, deveriam fazer o voto de pobreza”, precisa o padre Heinz Kulüke, superior geral dos Verbitas: “Com frequência os membros vivem uma vida simples, mas as estruturas em que residem e que não querem modificar de nenhum modo, custam uma fortuna”. 

A solicitude e o cuidado pelos pobres podem ser, neste sentido, “um empenho comum” que ajuda “a formar uma comunidade religiosa e a dar-lhe vida”. O número dos benfeitores está, além disso, em nítida diminuição e representa uma preocupação em muitos Países: “Esta lacuna requererá que se intensifique localmente a animação da missão, a transparência na destinação das doações, a coleta de fundos levada em frente de modo criativo e profissional e a busca de novos modos de aceder aos sustentos econômicos”. 

Enfim, uma admoestação aos religiosos que detêm contas privadas: “Todos os coirmãos sabem o que viola o nosso voto de pobreza e as nossas Constituições. Uma das tarefas dos líderes será, portanto, reconquistar a confiança dos coirmãos. E os coirmãos deverão ter a certeza de que, em caso de necessidade, a administração da Congregação estará presente para ajudar também com as finanças”.

Fonte: Site Unisinos

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